sábado, 17 de março de 2012

Sobre Belém

Achei esse texto no FB de um amigo. Adorei. Super verdade.


10 pontos básicos para um paulistano entender Belém



1) Belém é uma metrópole

Todo mundo sabe que Belém é grande, mas, no Sudeste, muita gente não tem a dimensão de quão grande ela é. Belém tem três shoppings, todos superlotados, inclusive o que tem lojas de luxo, engarrafamento adoidado, balada indie, eletrônica ou de reggae, festival de ópera, hospital oncológico e preços de imóveis que fazem ...as pessoas falarem em bolha. Tudo o que caracteriza uma metrópole, da grande variedade de serviços aos problemas do inchaço urbano, Belém tem. Está longe de ser uma cidadezinha simpática, é uma cidade enorme e complexa, cheia de coisas interessantes.



2) Não tem praia…não como em Fortaleza ou Rio

Como o Pará é próximo do Maranhão, é fácil associá-lo com o Nordeste, ao contrário do Amazonas, que está lá, claramente na região Norte. E para o paulistano, Nordeste é sinônimo de…praia! Logo, Belém deve ser mais uma dessas capitais da costa, que têm mar, calçadão, ciclovia e quiosque de coco, certo? Errado. Não tem nada disso. Quando eu falei que ia me mudar, algumas pessas disseram que adorariam morar na praia. Pois é, eu também, mas não é o caso. Até é fácil ir à praia em Belém, em meia hora de carro ou um pouco mais já se chega a Mosqueiro. Mas a cidade não tem aquela orla que vem à nossa cabeça quando pensamos em uma cidade litorânea. E fica à beira-rio, não à beira-mar.



3) Belenense não é nordestino

Outra ideia que deve vir da proximidade com o Nordeste é de que o jeito de ser é muito parecido com o dos nordestinos. Como você, caro leitor paulistano, imagina o sotaque de Belém? Parecido com o do cearense? Se disse que sim, errou. Só as vogais abertas são parecidas - aquela coisa de falar “só-lidão”, e não “sô-lidão”. Mas todo o resto é diferente. As expressões são outras, o jeito de ser é diferente, a cidade tem outra cara, as pessoas têm traços diferentes, enfim, Belém é Amazônia, é uma cultura própria e bem típica, que tem várias diferenças em relação à nordestina (que, aliás, também varia bem de um lugar para outro, eu acho).

Isso eu discordo. Falo sô-lidão

4) A cidade não é tão barata quanto você pensa

Eis algo que eu pensei, quando cheguei a Belém: tudo deve ser mais barato, então, meu dinheiro vai render bem mais. Bom, transporte, baladas e restaurantes são um pouco mais em conta, sim, porque em São Paulo parece que todo mundo perdeu a noção do quanto é razoável pagar por um táxi, um estacionamento, um jantar ou uma ida ao bar. Mas a diferença não é tão gritante, viu? E, em itens como aluguel e supermercado, é praticamente pau a pau. Por fim, no quesito roupas, Belém é um roubo. Quando eu preciso de algo novo, deixo para comprar em São Paulo, porque, aqui, as lojas legais cobram um “precinho extra” pelas mesmas roupas de lá.



5) Não tem floresta para toda parte

Belém é uma metrópole, vide o ponto 1. Da Estação das Docas ou de uns bares na beira do rio, a gente até vê trechos de floresta do outro lado do Guamá, mas a mata fechada, aquela que a gente imagina quando pensa na Amazônia, não está assim, no meio da cidade. Quando você visitar Belém, programe-se bem, se quiser ver a floresta de pertinho. Uma forma é pegar os barcos das Docas que vão a outras cidades ou os que fazem passeios turísticos, como o da Ilha dos Papagaios. Mas, reserve no mínimo meio dia para o passeio.


6) Não dá para ir e voltar de Manaus no intervalo do almoço

Uma vez, um amigo meu precisava consertar um produto quebrado e ligou para a central da empresa, para saber onde era a assistência técnica. O atendente, no call center em São Paulo, disse que não havia assistência autorizada em Belém, mas que ele poderia ir à assistência de Manaus. Como se a ida a Manaus fosse, assim, um pulinho na hora do almoço! Acontece que Belém é tão perto de Manaus quanto São Paulo é de Porto Alegre. Não é modo de dizer, a conta é essa, são duas horas de voo. Estar na mesma região não quer dizer estar pertinho, especialmente no Norte do Brasil.


7) O inverno é no verão e o verão é no inverno

Enquanto todos os paulistanos reclamam, no Facebook, que o calor está infernal neste verão, eu dou graças a Deus por de vez em quando poder dormir com o ventilador desligado. Em Belém, as temperaturas não mudam muito ao longo do ano, está sempre quente. Mas as chuvas, sim, mudam. Os meses mais quentes do ano, em São Paulo, entre novembro e maio, são os meses chuvosos de Belém, o que dá uma certa refrescada e faz o pessoal chamar este período de inverno. Em julho, quando meus amigos paulistanos estão marcando um fondue, os belenenses estão enlouquecidos para ir à paraia, porque o clima está extremamente quente e bem mais seco. Aliás, fica a dica: julho, agosto e setembro são os melhores meses para visitar Belém, porque, apesar do calor impressionante, você passeia o dia inteiro sem se preocupar com a próxima chuva.



8) Você não vai pegar geral

No Sul-Sudeste, a gente às vezes tem uma certa imagem de que “da Bahia pra cima” é tudo liberado, em termos de paquera e sexo. Talvez seja por causa do Carnaval e das micaretas, que vendem a imagem do “eu quero mais é beijar a boca”, ou talvez por uma certa visão distorcida do Norte-Nordeste. Mas não é bem assim que as coisas funcionam. As pessoas aqui falam mais naturalmente de sexo e paquera, sim. Fazem mais piada sobre isso e contam mais abertamente da sua vida íntima. Mas, não pense, leitor solteiro à procura, que você será loucamente assediado e que vai sair pegando geral só de abrir um sorriso. Lábia e respeito à vontade alheia também valem por aqui. Falar de sexo mais abertamente não significa querer fazer sexo o tempo todo e com qualquer um, certo?



9) A diversidade é menor, mas a convivência é maior

Tem uma camiseta vendida por aqui que diz ”Belém é um ovo de codorna anã”, o que é engraçadinho para um frase de camiseta, mas eu não acho que é tão fácil encontrar conhecidos por acaso. Provavelmente é porque eu conheço bem menos gente aqui do que em São Paulo, mas tenho a impressão de que lá eu encontrava com mais frequência algum amigo na fila do cinema ou de uma balada do que por aqui. São Paulo é gigante e você pode se divertir e se expressar como quiser, mas tem aquela história de ter lugares muito segmentados para cada idade, gosto e classe social, o que talvez torne até mais fácil esbarrar com as mesmas pessoas. Em São Paulo, o cara que gosta de rock não é “obrigado” a ir num bar de reggae, na 3ª feira, porque ele encontra balada rock todo dia da semana. Mas talvez isso faça com que ele encontre menos vezes o colega do trabalho que curte o Bob Marley. O cara milionário que quer ir passear no shopping pode ir ao Cidade Jardim e só encontrar milionários. E a menina patricinha que quer paquerar outras meninas patricinhas pode ir ao bar onde só tem meninas iguais a ela e encontrar a sua galera. Em Belém, parece que tudo é mais misturado. Pobre e rico, novo e velho, gays e héteros, roqueiros e micareteiros, todo mundo convive mais de perto, até por haver menos opções, o que às vezes gera cenas bem surpreendentes. E isso também torna mais difícil bater o olho em alguém e saber o perfil daquela pessoa já à primeira vista. Por exemplo, ricos e pobres são um pouco mais parecidos entre si do que em Sampa. Lá, até o sotaque muda, do centro expandido para a periferia. Um cara de Pinheiros, se bobear, tem dificuldade pra entender dois manos da Cidade Tiradentes conversando. Aqui, não, o jeito de falar é mais uniforme, todo mundo é mais informal, o tacacá que o pobre come é igual ao do rico. E isso gera uma experiência bem interessante para quem vem de uma cidade onde é mais fácil conviver só com quem parece com você.



10) Belenenses podem ser simpáticos. Ou não

Outro mito paulistano sobre o Norte-Nordeste é o da simpatia. Acho que, também nesse caso, isso se deve à influência da imagem que a Bahia vende de si. Muita gente no Sudeste imagina que as pessoas em Belém são sempre sorridentes, gentis e acolhedoras. Os próprios belenenses costumam se ver assim, aliás. Mas nem sempre são. É bem comum você ser mal atendido numa loja ou levar um esbarrão no corredor do supermercado e nem ouvir um pedido de desculpas. Os taxistas, então, costumam ser o oposto dessa imagem acolhedora. Vivem de cara fechada. Quem sou eu para julgar os motivos de cada um para estar assim, não é? Mas, para mim, isso mostra que a imagem do povo cordial é só parcialmente verdadeira. Acho que, simplificando, eu diria assim: grosso modo, paulistanos são mais educados, dizem mais “por favor” e “obrigado” e pensam mais no espaço do outro, enquanto belenenses são mais simpáticos e calorosos, dizem mais a verdade na lata e gostam mais de compartilhar seus espaços com os outros. Estilos diferentes e bacanas, cada qual à sua maneira.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Sobre fotografia

Sobre o post anterior, liguei pro meu pai e perguntei se ele lembrava de quem era o casamento. Ele lembra do fato e lembra tbm (pasmem!) que a fatia de bolo era mto fina. Mas não sabia mais quem eram os noivos. :(

E em outubro do ano passado, não sei se disse aqui eu comecei a fazer uma oficina de fotografia. O tema era Outubro, pq aqui em Belém, outubro é o mês do Círio e um mês mto importante. E eu tava participando toda empolgada até que.... roubaram a minha câmera. Já tinha feito uma coisa ou outra, mas perdi a graça.

Eu comprei outra câmera que..... roubaram de novo. Deixa pra lá, não gosto de falar sobre isso.

Claro que perder a câmera é mto chato e tudo, mas perder as fotos é bem pior. Máquina vc compra outra e fica torcendo pro imbecil que te roubou, acordar no dia seguinte com a boca cheia de formiga. Mas as fotos vc não recupera, o tempo não volta. Ele podia ter a dignidade de levar a máquina e deixar o cartão de memória.

Enfim, comprei a terceira câmera, chegou hoje em casa, to olhando pra ela. E me inscrevi num curso de fotografia que tem eventualmente aqui em Belém, do Fotoativa. Caso vcs não saibam, Belém é a quarta capital mais importante do Brasil para a fotografia no Brasil. Perde apenas para São Paulo, Rio e Brasília. É que aqui é mto bonito, tem água, tem mato, é tudo mto fotogênico. Tem um astral diferente (ok, vou parar de rasgar a seda pra minha terra, isso é chato).

O curso começou ontem e eu já to mega-super-ultra empolgada. Construímos com nossas próprias mãos uma camera obscura e eu fiquei mto orgulhosa de mim mesma por isso. Agora vou  pesquisar mais pra entender como se usa, pq esse é o dever de casa, semana que vem tenho que mostrar o que descobri com ela. (pra saber o que é uma camera obscura, clica aqui)

Não, eu não penso em me tornar uma fotógrafa profissional, não tenho talento e disposição pra isso. Precisa de um ânimo que realmente eu não tenho. E tbm não quero me limitar a fotografar aniversário e confraternização. Mas as vezes to passando na rua e vejo uma coisa linda e quero saber como registrá-la. Tento, mas nem sempre consigo, erro o enquadramento, erro a luz.

Abaixo, algumas coisas que fiz no círio do ano passado, enqto ainda tinha câmera:




 


 




PS - não sei alinhar as fotos aqui. Sorry.

domingo, 4 de março de 2012

O primeiro a gente nunca esquece

Hoje eu tava andando de carro e passei na frente da Basílica de Nossa Sra. de Nazaré:



Linda, né? É mesmo. Uma das mais bonitas que já fui. A gente tem mta igreja bonita por aqui.
E eu lembrei do primeiro casamento que eu fui. Eu devia ter uns 4, 5 anos.
Qdo eu era mais nova, o meu pai, já separado da minha mãe, me pegava em casa todos os dias pra passear. O passeio não variava mto, a gente ia comer pizza todos os dias. Incrível como nenhum de nós enjoou. Acho mudávamos a pizzaria, pelo menos.

Nesse dia, antes da pizza, a gente foi pra esse tal de casamento. Lembro que meu pai estava de jaqueta jeans, não é exatamente uma roupa pra casamento, mas era o que ele vestia, e sentamos lá nos últimos bancos. Lembro que, qdo o noivo entrou, já no cortejo, junto com a mãe dele, ele parou pra cumprimentar o papai. Foi até o banco e apertaram as mãos. Imagino, hj, que o papai devia ser mto querido por ele.
Mas o que eu mais me lembro, claro, é da entrada da noiva. Ela era linda. Noiva da década de 80, pós-Lady Di, vcs já imaginam, com tiara, véu gigante, mangas bufantes, super bordados. Entrou com o pai - que era mais baixo que ela - e estava chorando. E o papai disse no meu ouvido:

- Tá vendo que ela tá chorando? Mas esse choro é de felicidade, não é de tristeza.

Admito que ainda demorei mtos anos pra entender esse conceito. Mas qdo entendi, da primeira vez que chorei de felicidade, me lembrei desse fato.

Depois da cerimônia - da qual eu não me lembro nem do sim -, eu e papai fomos cumprimentar os noivos. Fiquei intimidada pela noiva, de tão bonita, de tanta saia e tanta pedrinha. O noivo perguntou se não íamos ficar (mais um motivo pra eu pensar que meu pai era mto querido por ele), papai disse que não, que íamos comer pizza.

E fomos na Pizzaria Napolitana, pertinho da igreja, onde hj, infelizmente, fica um Habibs.

Resolvi que vou ligar pro papai e perguntar se ele se lembra disso. Quero saber quem era o casal, se ela ainda é bonita, se eles ainda estão casados.