sexta-feira, 29 de abril de 2011

O dia em que eu perdi o meu filho no Ibirapuera

Acho que foi o dia mais quente do ano em SP. E o que teve a hora mais longa do mundo.
João queria pq queria ir ao Ibirapuera alugar bicicletas. Fizemos a vontade do menino e alugamos uma pra ele, acordando que ele iria na nossa frente e olhava pra nós de vez em qdo, que estaríamos logo atrás. E assim foi indo, até uma infeliz coincidência, em que eu parei pra perguntar onde era o pavilhão japonês no mesmo segundo em que ele dobrou onde não deveria dobrar com medo de uma subida.
Percebemos que o tinhamos perdido, fui em frente, Leo fez o caminho inverso, sempre seguindo a ciclovia, pq não achavamos que ele poderia ter saído dela.
E o tempo passava. Não sei qto tempo passou, mas foi mto. Passava, assim, bem lentamente.
E eu parei uma moça que corria, expliquei a situaçao, perguntei onde estavam os guardas e pra onde levavam as crianças perdidas. Ela me mostrou um posto policial e seguiu.
Uma senhora que passava, chamada Beth, ouviu o diálogo, sentiu meu desespero e me perguntou: "me diz como é seu filho, com que roupa está e me dá seu telefone. Se eu achar ligo pra vc". Incrível nesse mundo louco ainda ter gente que se dispõe a ajudar.
Blz, mas ainda nada do João Lucas.
Leo caminhou até o guarda que passou um rádio pra todos os outros guardas com a descrição do menino e disse pra ficarmos tranquilos que todo dia acontecia isso e todo dia eles achavam quem se perdia.
Ele falou isso pq não deve ser mãe, nem pai, pq eu já estava me imaginando no programa do Faustão com camiseta, cartaz e número de contato pedindo socorro e notícias do filho desaparecido.
Já imaginava ele com aquela carinha linda chorando por mim.
E pior, que alguém poderia ter levado aquela carinha linda (que é linda mesmo, sem exagero de mãe) pra algum lugar mto feio e o obrigasse a vender bombom nos sinais. E tava ensaiando já o diáologo que eu teria com o pai dele aqui em Belém e contando que tinha perdido o João.
Só coisa horrível passou pela minha cabeça. Imaginei todos os desaforos que ele me diria, pq eu nao faria diferente.
Mas eis que, nesse momento, passada mais ou menos uma hora, a Beth me liga dizendo que tinha achado o João. Eu nem acreditei. Só pensei que ela era um anjo da guarda que tinha se materializado só pra procurar meu filho. O anjo da guarda dele, pra quem tanto rezei para que nada de ruim acontecesse. Deus mandou e é só assim que consegui explicar esse fenomeno.
Nesse momento, consegui chorar.
Andamos mto até encontra-lo e aí chorei de novo. Quando ele percebeu que estava perdido, foi até o ponto perto de onde se aluga bicicleta, achando que era um ponto de encontro óbvio. Até era, só não pensei que ele pensaria nisso.
Meu próximo filho terá um chip com GPS. Façam o mesmo com os filhos de vcs.
beijo

domingo, 17 de abril de 2011

E passou o tempo

E o tempo passou e eu nem vim dizer que fiz aniversário, que tive aula a semana toda, que estou com novo visual, que vou pra SP na semana santa. E que recebi um cartão lindo da Elaine pelo meu aniversário, que nem acreditei qdo abri. Sei que somos eternamente responsáveis pelo que cativamos, mas juro que não me acho merecedora de tanto carinho. Obrigada, minha querida, vc é mto especial.
Eu completei 31 anos. E ganhei de um amigo do trabalho mto querido um livro chamado "A mulher de 30 anos" de Honoré de Balzac. É por causa desse livro que as mulheres de 30 são chamadas de balzaquianas. Ainda to no meio (e to adorando), mas sei que ele diz que uma mulher de 30 anos é muito, muito mais interessante, bonita, plena que a de 20. No auge de sua vida sexual e com pleno domínio da arte da conquista. 
Ano passado, na crise de completar 30, não concordaria. Hoje concordo. Tenho saudade do meu corpitho de 25 e do meu metabolismo de outrora, mas hoje me acho uma pessoa mais legal, mais desencanada, mais cheia de mim. Hoje sei o que me beneficia, o que me valoriza e o que não. Aos 30, não me exponho mais a experiências que sei que são furadas - apesar de sempre ter sido uma pessoa que para pra pensar se tá fazendo o que tá fazendo pq gosta ou pq todo mundo ta fazendo o mesmo. Sei do que gosto e faço o que quero. E pronto.
Enfim, aquela velha história do "queria ter a cabeça de agora e a juventude que perdi".
Aí que procurando comentários sobre o tal livro, achei esse texto em um outro blog. Gostei e resolvi dividir, mas não achei o autor:

"Tome a mesma moça aos 20 e aos 30 anos. No segundo momento ela será umas sete ou oito vezes mais interessante, sedutora e irresistível do que no primeiro…
Ela perde o frescor juvenil, é verdade. Mas também o ar inseguro de quem ainda não sabe direito o que quer da vida, de si mesma e de um homem. Não sustenta mais aquele ar ingênuo, uma característica sexy da mulher de 20. Só que isso é compensado por outros atributos encantadores que reveste a mulher de 30.
Como se conhece melhor, ela é muito mais autêntica, centrada, certeira no trato consigo mesma e com seu homem. Aos 30, a mulher tem uma relação mais saudável com o próprio corpo e orgulho da sua vagina, das suas carnes sinuosas, do seu cheiro cítrico. Não briga mais com nada disso. Na verdade, ela quer brigar o menos possível. Está interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e útil, ignorando o que for feio e baixo – astral. Quer é ser feliz. Se o seu homem não gosta dela do jeito que é, que vá procurar outra. Ela só quer quem a mereça.
Aos 30 anos, a mulher sabe se vestir. Domina a arte de valorizar os pontos fortes e disfarçar o que não interessa mostrar. Sabe escolher sapatos e acessórios, tecidos e decotes, maquiagem e corte de cabelo. Gasta mais porque tem mais dinheiro. Mas, sobretudo, gasta melhor. E tem gestos mais delicados e elegantes.
Aos 30, ela carrega um olhar muito mais matador quando interessa matar. E finge indiferença com muito mais competência quando interessa repelir. Ela não é mais bobinha. Não que fique menos inconstante. Mulher que é mulher,se pudesse, não vestiria duas vezes a mesma roupa nem acordaria dois dias seguidos com o mesmo humor. Mas, aos 30 ela,já sabe lidar melhor com esse aspecto peculiar da sua condição feminina. E poupa (exceto quando não quer) o seu homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a atingiam e quem mais estivesse por perto, irremediavelmente.
Aos 20, a mulher tem espinhas. Aos 30, tem pintas, encantadoras trilhas de pintas, que só sabem mesmo onde terminam uns poucos e sortudos escolhidos.
Sim, aos 20 a mulher é escolhida. Aos 30, é ela quem escolhe. E não veste mais calcinhas que não lhe favorecem. Só usa lingeries com altíssimo poder de fogo. Também aprende a se perfumar na dose certa, com a fragrância exata.
A mulher de 30, mais do que aos 20, cheira bem, dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome. Aos 30, ela é mais natural, sábia e serena. Menos ansiosa, menos estabanada. Até seus dentes parecem mais claros; seus lábios, mais reluzentes; sua saliva, mais potável. E o brilho da pele não é a oleosidade dos 20 anos, mas pura luminosidade.
Aos 20 ela rói as unhas. Aos 30, constrói para si mãos plásticas e perfeitas. Ainda desenvolve um toque ao mesmo tempo firme e suave. Ocorre algo parecido com os pés, que atingem uma exatidão estética insuperável. Acontece alguma coisa também com os cílios, o desenho das sobrancelhas, o jeito de olhar. Fica tudo mais glamouroso, mais sexualmente arguto.
Aos 30, quando ousa, no que quer que seja, a mulher costuma acertar em cheio. No jogo com os homens já aprendeu a atuar no contra – ataque. Quando dá o bote é para liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado. Mostra a sua força na hora certa e de forma sutil.
Não para exibir poder, mas para resolver tudo ao seu favor antes de chegar ao ponto de precisar exibi-lo. Consegue o que pretende sem confrontos inúteis. Sabiamente, goza das prerrogativas da condição feminina sem engolir sapos supostamente decorrentes do fato de ser mulher."

domingo, 10 de abril de 2011

Nova moradora da casa

Quando eu era mais nova, eu dizia que tinha uma solitária chamada Suely: eu podia comer horrores e continuava magrinha. Um espetáculo meu metabolismo da época. Não me perguntem o pq do nome escolhido, mas o fato é que eu amava a presença da Suely na minha vida. Um dia, ela cansou e foi embora. Desde então, estou sempre contando as calorias do que como.
Passei anos sozinha até que agora eu tenho uma nova moradora: a minha insônia. Eu não durmo bem, durmo pouco, sempre acordo cedo. Às vezes, ainda fico acordando várias vezes durante a noite. Agora a novidade é que eu acordo e não volto a dormir. Fico acordada, assim, horas a fio, numa eternidade escura, esperando o sol raiar e chegar a hora de realmente levantar.
E estou assim há algumas semanas já. Eu sempre tive umas táticas pra dormir, mas agora elas não tem mais dado certo. E a minha insônia já senta do meu lado na mesa do café da manhã, tem lugar cativo no meu carro e me ajuda a escolher os filmes que devo assistir. Virou uma pessoa que ocupa um grande espaço da casa.
Depois de recorrer a taças de vinho, chazinhos, exercícios físicos, alimentação saudável, to apelando a drogas (lícitas, claro), a fim de ver minhas olheiras - já grandes - pararem de crescer.
Fran Lebowitz disse que "Life is something that happens when you can't get to sleep", (a vida é algo que acontece enquanto vc não consegue dormir). Ou seja, nunca vivi tanto como agora. 
Agora preciso escolher um nome pra insônia. Pensei em Perpétua. O que vcs sugerem?

sábado, 9 de abril de 2011

The pessimist is never disappointed

O pessismista nunca é desapontado.
Aquele que não crê nos outros também não.
Eu, que sou uma pessoa ingênua, que acredita em todo mundo, deveria até passar com mais frequência por essa sensação de decepção na humanidade. Mas até que não. Talvez pq escolha me cercar de gente legal.
Aí, quem se cerca de gente do bem, acaba estendendo essa qualidade pra todo mundo. Só que não é bem assim, não dá pra classificar todos dessa maneira, e hoje, infelizmente, risquei uma pessoa dessa minha seleta listinha.
To com raiva? To. Mas raiva passa. Pior é a decepção. Decepção, desapontamento, não acabam de uma hora pra outra. Demora até reconquistar a confiança. E tem vezes que a gente até sabe que essa árdua reconquista é possível e vence alguns receios pq vale a pena. To achando que não é o caso.
E o pior, é que tinham me cantado a história. Mas ainda assim, acreditei e fui em frente.
Ou seja, to chateada duas vezes: de ter dado crédito a quem não merecia e de não ter ouvido um anjinho que veio soprar no meu ouvido.
Mas é isso.
A vida segue. Só assim a gente aprende. 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Sem palavras

E o que a gente faz com o blog quando não tem nada demais pra contar?
Tá td bem, normal, sem grandes emoções, ou grandes reflexões.
Nada que eu ache que realmente vale a pena gastar o tempo de vcs.
Crise criativa, teu nome é Paola, nesse momento

domingo, 3 de abril de 2011

Coisas que só a maternidade tira de você...

Quando a gente vira mãe, fica frouxa. É, assim, frouxa, covarde, encagaçada (essa é uma expressão que existe em tudo que é lugar, ou só aqui? É nacional?). É a maternidade que faz a gente pensar como é essencial, especial, fantástica, nem que seja para uma pessoa só.
É que essa pessoa é a mais linda, a mais fofa, a mais frágil e a mais encantadora que a gente já viu no mundo. Ou, no caso de quem tem mais de um filho, as mais lindas, fofas, frágeis e encantadoras do mundo. E ela depende inteiramente da mãe, pq o que será desse serzinho se nós, mães, não estivermos por perto? Mesmo com pais dedicados e avós disponíveis, mãe é mãe, paca é paca.
Hoje vi as fotos (lindas) de uma amiga que pulou de paraquedas esse fim de semana. Ok, Carol, aproveite enquanto vc pode. Perdi a coragem de mtas coisas depois que João Lucas nasceu. Até me surpreendi de ter ido nas montanhas russas na Disney nas últimas férias, pq a última vez que tinha feito isso foi antes dele nascer. Vale ressaltar que poucas coisas parecem tão seguras qto uma montanha russa nos parques de Orlando.
A neurose é tanta que fico pensando o quanto me arrisco no dia a dia: dirigindo, andando na rua, viajando de avião.... Enfim, existindo. Já soube de pais que não viajam nunca no mesmo voo, mesmo que indo para o mesmo destino. Se a gente parar pra pensar direitinho, a vida é um risco constante (alguém já disse isso, não?). Então, não me aventuro com "desnecessidades": paraquedas, parapente, mergulho livre, asfixiamento erótico (tá, isso eu não faria de qq jeito, sendo mãe ou não).
Se eu penso que perco muito com a maternidade? De jeito nenhum. Nada pode ser tão gratificante quanto ser mãe. Tenho restrições? Com certeza e não falo apenas de esportes radicais. Falo de saídas sábado a noite, falo de viagens, lanchinhos com as amigas. Isso sempre vai ficar pra depois (ou pra nunca). Alguém vai dizer que cobrarei do João isso um dia, mas seria terrivelmente injusto e eu seria irritantemente hipócrita.
Para as que já são mães, queria que me falassem se só eu que sou zelosa (ou doida) assim.
Para quem não é mãe, conselho de amiga: faça tudo agora! Td aquilo que vc pensa que um dia vai fazer qdo o dinheiro der, qdo ficar mais velha, qdo acabar a faculdade. Faça antes de ser mãe. Pq nada é tão inebriante, tão tentador, tão enlouquecedor e tão maquiavélico, restritivo e paralisante qto ser mãe.